quinta-feira, 2 de julho de 2009

Um presente para vós

O Chefe tem bom coração, e como tal decidiu partilhar com vós mais uma receita publicada no livro.

FOIE GRAS DE ABUTRE

Em defesa da bicharada que cada dia luta pela sobrevivência, aqui o Chefe traz um pouco de justiça ao reino animal.

Constatemos com dois simples mas elucidativos exemplos:

1. O tigre tem fomeca. O que faz? Rasteja como uma menina por entre a vegetação, tentando definir um alvo para a caçada sem que a afugente. Depois mete a 5ª e corre que nem um Obikwelu durante uns bons 5 minutos, tentando derrubar um bambi à patada. Como se não bastasse, ainda tem que sufocar a criatura com uma desagradável dentada no pescoço até que esta pare de espernear (entretanto o tigre já afinfou umas belas patadas no lombo).
O repasto é depois partilhado com o resto da famelga e acabam todos por nem encher a cova de um dente.
E eis que aparece o senhor abutre. Não fez a ponta de um corno, andou ali no céu, a pairar, a apreciar os outros a trabalhar. E lá está ele a papar à pala os restos que os outros rejeitaram.

2. A cria de hipopótamo nasceu com um tumor maligno. Ditou a natureza que terá uma vida curta e penosa. A mãe hipopótama está ciente da situação, e faz o que está ao seu alcance para que sofra o menos possível. Até que o inevitável acontece e o pequeno hipo parte para o além. Nem duas horas depois do luto, adivinhe quem já lá anda a bicar os miolos do defunto?

Vamos tramar o abutre!

FOI GRAS DE ABUTRE

Ingredientes

20 Big Macs
18 Sundays
3 garrafas de rum barato
12 ovos frescos
1 fígado de abutre
Sumo de meio Kiwi
Tostinhas

Na sua cidade, e durante uma semana, sempre que sair na sua viatura tente atropelar um ou dois pombos. Para além de prestar um excelente serviço à comunidade, estará a dar um passo fundamental para o sucesso desta refeição.
Vá juntando os cadáveres destes ratos voadores num saco hermeticamente fechado, e quando amealhar uma dúzia, prepare uma viajem de dois dias para Elvas. O abutre é conhecido por frequentar zonas inóspitas, e como tal, é certo que encontrará nesta zona vários exemplares do Sr. papa mortos.

Chegado a Elvas, procure um MacDrive e peça 20 menus BigMac, 18 sundays e todos os molhos possíveis e imaginários. No Lidl lá do burgo, adquira 3 garrafas de rum rasca e duas caixas de ovos.

Hora da caça.

Escolha uma planície desprovida de vegetação e arme a cilada:

Coloque no chão uma primeira camada com os hamburguers providos de molhos, depois os sundays e por fim entorne as garrafas de pinga por cima. Junte à mixórdia os ovos, e tape tudo com os cadáveres dos pombos.

Esconda-se detrás de uma árvore e aguarde. Não pode tardar muito até aparecer um abutre e começar a deliciar-se com mais um banquete alheio.
O que ele não sabe é que você acaba de o presentear com um combinado tal de substâncias nefastas que daí a 5 minutos o fígado lhe vai triplicar e esticará a asa sem apelo nem agravo.
Repare que antes de morrer emite um último estridente crocitar, fazendo disparar o fígado para o exterior.
Recolha-o e constate que está grande como uma Posta Mirandesa.
Pernoite numa pousada local, não sem antes tomar um copo no estrangeiro na conhecida casa de pasto “El traga chicas”, situado no km 74 da estrada que liga Elvas a Badajoz.

Acorde cedinho, com o primeiro chilrear das andorinhas, e inicie a viajem de regresso.

Já na cozinha, disponha o fígado numa travessa e esprema-lhe em cima o sumo de meio kiwi, para cortar o eventual sabor a ranço, a podre, a morto e a cócó.
Deixe a repousar uns minutos enquanto torra finas lascas de pão saloio com um isqueiro. Barre-as com pequenas porções do fígado de abutre e sorria.

O mandrião teve o que merece.


Ilustração de Rui Vilhena Leitão.

domingo, 28 de junho de 2009

Nasceu o menino!

"As receitas do Chefe Fred", disponível num talho perto de si! Obrigado a todos os que apoiaram esta revolução, e que doravante os refugados não mais sejam os mesmos!


quarta-feira, 3 de junho de 2009

Apresentação ao Mundo





Estais todos convidados. Quase todos, vá. Abstenham-se aqueles que se façam acompanhar de paus e pedras para arremeçar na direcção da tola do Chefe!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A capa do livro

Deixo-vos mais um cheirinho do livro que está para nascer. 23 receitas que deixarão qualquer boca inundada de saliva.

Capa da autoria da minha querida amiga Ana Teresa Duarte, a quem agradeço do fundo da artéria aorta tão bela interpretação do espírito culinário do Chefe Fred.


quarta-feira, 11 de março de 2009

Porque uma imagem vale mais que 20 receitas


by Rui Vilhena Leitão.

ilustração a incluir no livro do Chefe Fred, para a receita "Bifes de Papagaio au Vin".


O Chefe anuncia aos seus 3 fãs que este espaço estará temporariamente parado.
O motivo de tal desgraça é a eminente edição em livro das fabulosas receitas que aqui tenho vindo a partilhar.
Para vos dar a conhecer novas papinhas, também tenho que papar. E se as disponiblizar aqui, ninguém compra o livro. Consequentemente, o chefe não papa e falece.

Um sentido abraço de agradecimento a todos e ficai atentos às novidades.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Manjar do Deserto

Marrocos, quatro da tarde, quarenta e dois graus à sombra (se houvesse). Os tuaregues, ou lá como se chamam os homenzinhos que por lá andam, rapinam-lhe o carro, o dinheiro e os mantimentos. Resta-lhe a roupa que traz no pêlo e uma vontade enorme de enterrar as fussas na areia até desfalecer. É natural, mas coma qualquer coisa antes:

Areia com todos

Ingredientes:

Areia húmida q.b. (consoante a fome);
Tudo o que encontrar que não seja areia q.b

Tentando manter a respiração constante e tranquila, caminhe pelas intermináveis dunas até encontrar uma zona mais plana. Comece a escavar nesse local um orificio com cerca de um metro de diâmetro. Prepare-se porque será uma tarefa árdua, uma vez que o buraco deverá atingir o quilometro de profundidade. O dito orifício deverá ser feito na diagonal, para que se forme uma rampa que lhe permita entrar e saír do mesmo. Durante a escavação, vá guardando no bolso tudo o que não for areia: conchas, pedrinhas, raízes, ossadas. Mas não se iluda. Se achar um búzio já vai com sorte.

Experimente trautear canções com ritmo, que ajudarão a que escave a um excelente ritmo. Escavando a uma mãozada por segundo, demorará cerca de 14 horas a concluir a tarefa.
Saberá que o buraco atingiu um quilometro de profundidade quando o percurso entre a entrada e o fundo do buraco tarde exactamente quatro músicas dos Simply Red.

No dito fundo, reparará que a areia se encontra mais húmida. Retire a quantidade que considere suficiente para lhe saciar a fome, junte as matérias que previamente foi guardando no bolso e engula de uma só vez, sem mastigar ( a menos que seja parvalhão ao ponto de apreciar trincar areia).

Como referência, saiba que uma mão cheia de areia húmida o mantem alimentado para 2 dias. Se quer evitar esta sensação por uma semana, por exemplo, deverá então comer 4 mãos cheias.




segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O Rebelhão à Chefe Fred

Os quatro leitores que ocasionalmente consultam este espaço, ter-se-ão intrigado com a ausência de pitéu natalício partilhado pelo Chefe. A verdade, meus caros, é que sou um homem de tradições.

No Natal não há espaço para invenções. É bacalhau, é peru, são rabanadas e é o DVD do Sozinho em Casa II a rodar em loop no leitor.

Já para o Ano Novo, as regras mudam. O ano termina, e é a altura perfeita para experimentar. Se correr mal, vira-se a página e começa um novo ano, pródigo em sucessos culinários.

1. O dia começa com um pequeno-almoço de requinte:

Iogurte de amora com cebolada

Ingredientes:

1 litro de leite de bode
27 a 1000 amoras silvestres
1 cebola pequena
azeite e mel q.b.


Vista-se de forma larilas e vá até ao bosque mais próximo com um cestinho de vime no braço e trauliteie cançonetas do Música no Coração. Procure por uma amoreira silvestre e colha as amoras mais maduras para o cesto. Volte para casa na mesma toada maricona.

Ferva um litro de leite de bode (um dia explico-lhe como se obtém esta iguaria, por agora vá comprá-lo ao Zé Punheteiro, pequeno comerciante com estabelecimento montado em Vila Nova da Cerveira, junto ao EcoMarchê), deixe repousar e coloque uma hora no congelador. Retire, volte a ferver, congele outra vez, depois ferva, congele e ferva outra vez. Deixe a repousar 2 horas. Vai-se tranformar em iogurte.

Junte ao preparado as amoras e esmague com os calcanhares. Frite uma cebolinha pequena em azeite e mel e coloque no topo do iogurte. Coma em três colheradas grandes.


2. Não se almoça.

(provavelmete vomita-se durante uma boa parte da tarde)

3. O Jantar

Faça uma torradinha com pão de centeio e barre um niquinho de manteiga magra. Aínda deve estar com o estômago numa lástima.

4. A meia noite

Em vez das tradicionais 12 passas, passará as badaladas a mandar brufenes para o bucho, tal é a agonia que o cabrão do iogurte lhe causou.

E pense...comparando com o que agora acaba, o primeiro dia do Ano vai ser espectacular.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Petit Dejeuner aux escargots


Ingredientes

1 Pão de Ló
40cl de leite ordenhado na hora
5cl de gosma de caracoleta
Tabasco q.b.
Farinha para bolos q.b.
8 mirtilos

Fazendo jus ao ditado popular "Leite gamado é mais engraçado", dirija-se a um pasto alheio a altas horas da madrugada. Procure uma vaca adormecida e comece a furtar-lhe leite das tetas pressionando-as com os dedos polegar e indicador num movimento contínuo. Encha pelo menos duas garrafas de 20cl de leitinho (e se o fizer sem antes levar três coices nos cornos, é o meu heroi!)
Finda a tarefa, vá para casa em passo de corrida.
Verta o leite para um púcaro e bote-o ao lume até levantar fervura, entornando-o de seguida para cima de finas fatias de pão de ló. Deixe a repousar.

Quando o sol começar a irromper pelo negrume do céu, vá dar um passeio pelo bairro, do qual deve resultar a obtenção de pelo menos cinco caracoletas bem providas de gosma.
Leve-as para a cozinha, humedeça a banca de mármore e ponha-as aí. Ao sentirem o molhadinho, estes asquerosos bicharocos vão pôr as trombas de fora e largarão 1cl de baba cada um.

Recolha esta substância viscosa com uma espátula e barre-a sobre as fatias de pão, previamente ensopadas no leitinho. Dê-lhes agora com o secador do cabelo, 5 minutos em cada uma. Por essa altura já deverão estar bem sequinhas e crocantes.

Chega agora o encargo fulcral deste prato:

Se o caro leitor teve uma infância digna desse nome, terá com certeza conhecimento da velha teoria de que ao colocar um cigarro aceso na boca de um sapo, este traga consecutivamente o fumo até im(ex?)plodir.

Se já o fez, boa. É cá dos meus.
Se repudia tal coisa, não perca mais tempo a ler as receitas do Chefe Fred. Não quero cá meninos.
Se é daqueles que acha que essa teoria não passa de um mito rural, refuto-lhe com esta: Também era considerado mito que os cavalos sabem ler, e no entanto aqui está você a ler esta receita.

Por isso, deixe-se mas é de merdas e vá para junto de um charco com um pacote de cigarros no bolso.

Capture 3 sapos usando a velha técnica de engate sexual: deite-se de barriga para baixo com as pernas bem abertas e arqueadas, simulando assim uma rã sedenta de festa. Os sapos até andarão à porrada para ver quem chega primeiro.

Acenda dois cigarros por cada sapo e espete-os no bucho do bicho. Agora é esperar uns minutos. Garanto-lhe que vão ex(im?)plodir bem antes de os cigarros chegarem ao filtro.

Recolha minuciosamente os restos mortais e regresse ao domicílio.

Disponha 3 a 4 nacos de carne do sapo por fatia de pão de ló, polvilhe com farinha para bolos e pincele-as ligeiramente com tabasco. Leve a gratinar 10 minutos no aquecedor a óleo.

Coma bem quente, acompanhado de um sumo natural de mirtilo e tenha um bom dia de trabalho!



terça-feira, 25 de novembro de 2008

Alheiras de caça à macho latino


Ingredientes
Surtido de animais de caça (10 peças)
6 preservativos XXXL
2 Dentes de Alho
Azeite q.b.
Queijo Parmesão q.b.

Tire o cú da cama antes do sol nascer, e tente esquecer o facto de ser Domingo e de estar com uma ligeira ressaca de whisky barato.
Vista a sua roupa de caça e antes de sair, coma duas claras de ovo, que lhe darão a energia necessária para uma manhã de sucesso.

Verifique se as espingardas e pressões de ar estão bem calibradas e faça-se à estrada, rumo a um qualquer monte alentejano. Para se lhe incutir na perfeição o espírito de um dia de caçada, coloque no leitor de cassetes o concerto das Divas do Pimba ao vivo no Pavilhão Municipal de Ponte de Lima. À terceira música, vai ficar com uma insaciável vontade de matar tudo o que mexe.

Chegando ao local da caçada, procure um esconderijo que o deixe fora do campo de visão das vítimas: coelhos, perdizes, javalis, patos bravos, pardais, codornizes.
Dedo no gatilho, e bota milho. Tudo o que mexer tem que ser seu. E lembre-se: a piedade é o pior inimigo de um caçador. Se tiver um bonito coelho albino na mira da sua espingarda e lhe vierem à tona sentimentos lamechas, lembre-se da música “Mãe, eu te amo mais do que à minha filha”, música-hino do FPC (Festival Pimba de Corroios). Dois segundos depois, o coelho albino não vai parecer tão fofo com uma chumbada bem no centro das fuças.

Deve conseguir pelo menos umas dez peças de carnes variadas. Já as tem? Reúna-as num saco de plástico de grandes dimensões, e dê-lhe um nó, tentando retirar-lhe o ar do interior. Siga para casa!
No caminho de volta, oiça uma boa ópera de Verdi, para descomprimir.
Chegado ao lar, guarde o saco com os animais que ai jazem em local fresco e seco. Durma umas horas.

Nota do Chefe: É possível que venha a ter pesadelos com o pequeno coelho albino a correr em slow motion pela pradaria ao som do hit acima mencionado. São ossos do ofício. Adiante...


No dia seguinte, dirija-se à farmácia mais próxima e adquira uma caixa de preservativos. Especifique à farmacêutica de serviço que deseja os maiores do mercado, tentando ostentar uma cara de macho bem dotado. Agradeça piscando-lhe o olho e corra para casa.

Retire as carcaças do saco e disponha-as sobre a mesa da cozinha. Tudo o que tiver bico e patas afiadas é para cortar. Só a chicha interessa. Quando todas estiverem neste ponto, abra a caixa dos preservativos, e um por um, vá enchendo com um surtido de bicharada, até ficarem bem recheados. Para acondicionar as carnes correctamente, de quando em vez pegue numa das extremidades do preservativo e arremesse-o com pancadas secas contra a parede. No final, acrescente em cada preparado um fio de azeite , uma rodela de paio e uma pitada de sal. Dê um nó duplo, de modo a que os impedidores de procriações fiquem perfeitamente fechados e guarde-os numa caixa metálica de biscoitos.

A caixa deverá ser mantida debaixo de uma luz de halogéneo durante três a quatro meses, altura em que as carnes estarão no ponto para ir ao lume.

Regue uma sertã com um fio de azeite, dois dentes de alhos partidos e frite os preservativos. Quando estes começarem a dar sinais de que vão explodir a qualquer momento (surgirão enormes bolhas de plástico ao longo de toda a sua superfície) retire-os e polvilhe com queijo parmesão ralado.

Sirva com arroz branco e certifique-se que não leva à boca nenhuma porção do anti-contraceptivo, sob pena de falecer intoxicado nos minutos seguintes.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Confissão Culinária 1

Baba de Camelo

A primeira vez que experimentei confeccionar esta perdição, passei doze horas nú em pleno deserto, a dançar Bossa Nova, (des)esperando que o animal começasse a salivar.