terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Manjar do Deserto

Marrocos, quatro da tarde, quarenta e dois graus à sombra (se houvesse). Os tuaregues, ou lá como se chamam os homenzinhos que por lá andam, rapinam-lhe o carro, o dinheiro e os mantimentos. Resta-lhe a roupa que traz no pêlo e uma vontade enorme de enterrar as fussas na areia até desfalecer. É natural, mas coma qualquer coisa antes:

Areia com todos

Ingredientes:

Areia húmida q.b. (consoante a fome);
Tudo o que encontrar que não seja areia q.b

Tentando manter a respiração constante e tranquila, caminhe pelas intermináveis dunas até encontrar uma zona mais plana. Comece a escavar nesse local um orificio com cerca de um metro de diâmetro. Prepare-se porque será uma tarefa árdua, uma vez que o buraco deverá atingir o quilometro de profundidade. O dito orifício deverá ser feito na diagonal, para que se forme uma rampa que lhe permita entrar e saír do mesmo. Durante a escavação, vá guardando no bolso tudo o que não for areia: conchas, pedrinhas, raízes, ossadas. Mas não se iluda. Se achar um búzio já vai com sorte.

Experimente trautear canções com ritmo, que ajudarão a que escave a um excelente ritmo. Escavando a uma mãozada por segundo, demorará cerca de 14 horas a concluir a tarefa.
Saberá que o buraco atingiu um quilometro de profundidade quando o percurso entre a entrada e o fundo do buraco tarde exactamente quatro músicas dos Simply Red.

No dito fundo, reparará que a areia se encontra mais húmida. Retire a quantidade que considere suficiente para lhe saciar a fome, junte as matérias que previamente foi guardando no bolso e engula de uma só vez, sem mastigar ( a menos que seja parvalhão ao ponto de apreciar trincar areia).

Como referência, saiba que uma mão cheia de areia húmida o mantem alimentado para 2 dias. Se quer evitar esta sensação por uma semana, por exemplo, deverá então comer 4 mãos cheias.




3 comentários:

Anónimo disse...

Decerto esta será uma experiência gastronómica a ter em conta aquando da minha viagem ao Deserto do Saara, pois lá o que me costuma encher o bucho são apenas Miragens à Provençal, que ao mesmo tempo que nos saciam a alma nos corroem por dentro com uma sensação de fraqueza e desepero.
Despeço-me com Amizade e até uma próxima iguaria
Edilberto Tomás
et-na-terra.blogspot.com

Anónimo disse...

A Bia falou-me no outro dia no teu blog. Eu pensei "Ele tem um blog de culinária?". Mas depois ela mostrou-me as tuas receitas e, bem, são no mínimo originais.
Gostei.

André

juju disse...

Chefe Fred,

Aguardo ansiosamente as suas novas receitas!

Um abraço da sua grande admiradora
ju ju